10/10/2013

O KUROMATSU E A FAMILIA NAGAO

pinheiro negro jardim japones
Pinheiros Negros fazem parte da família Nagao, desde que eu me entendo por gente. As lembranças da minha infância  estão recheadas de passeios entre plantações de azaléias e pinheiros japoneses, pescaria na Billings, ou eu desenhando meu avô Kunihiro Nagao com um copinho de cachaça numa mão e uma tesoura de poda na outra, ao som de uma cantoria muito desafinada.
Acredito que para meu avô, aquilo não era um trabalho, era um hobby. Um Hobby ao qual ele dedicava altas horas, levando os netos a tiracolo. Talvez tenha sido apenas  impressão minha, mas o avô que conheci, não levava a vida muito a sério. Era um fanfarrão feliz!
As primeiras sementes do Kuromatsu / pinheiro negro foram trazidas em 1970 por meu avô, que  depois de se estabelecer no Brasil, retornou ao Japão para se despedir de seu pai. Na época não havia muito espaço para o paisagismo japonês no Brasil, e muita gente não entendeu o por quê de se produzir em grande quantidade uma planta que "só japonês"  ia querer. Na verdade era mais que um trabalho, era paixão. Essas sementes, das quais surgiram as primeiras mudas produzidas para comercialização,  eram provenientes  das matrizes centenárias de pinheiros negros da Família Nagao, em Ehime-Ken. 
A província de Ehime-ken está localizada na região de Shikoku, a menor das 4 ilhas principais do Japão, e com forte vocação rural. O manejo com plantas já estava no sangue e, se para grande parte dos imigrantes no Brasil, a agricultura foi uma imposição, para meu avô foi uma oportunidade.

As vendas de pinheiros eram raras, e apesar de ser o o produto a receber maiores cuidados, não eram   exatamente nosso carro-chefe nas vendas. Para isso sempre tivemos a necessidade de produzir  outras plantas,  comercialmente mais populares. Mas paixão fala mais alto que qualquer lado comercial.

Meu pai, Tsuyoshi, também herdou essa  paixão pelos pinheiros. Sua dedicação era total,  e ele também era meio doido, chegado em fazer experiências com as plantas,  criando suas próprias técnicas e seu próprio método de trabalho, que serviram para nos ensinar o que é possivel ser feito, e o que não. Nos anos 90, trouxemos outro grande lote de sementes japonesas, desta vez um mix provenientes das regiões mais centrais do Japão como Aichi (Mikawa) e Ibaraki (Kashima) e outras.  Hoje,  quase já não temos mais os pinheiros da época do meu avô e os  mais velhos que temos aqui no sítio, foram todos moldados ou remodelados por meu pai,  dessa vez com mais seriedade, sem brincadeiras, sem cantoria nem copinho de cachaça .

Atualmente, o tradicional jardim japonês é conhecido e aclamado mundialmente, inclusive no Brasil e  nossos pinheiros enfeitam vários jardins (particulares ou públicos) em diversas cidades do país.

Agora quem está a frente desse trabalho é meu irmão Sérgio Nagao e eu, Lili.
Tenho a impressão que esse negócio de paixão por kuromatsu é genético.

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pet de 2 litros para se ter referencia do calibre do tronquinho.

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